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Autismo: mitos e verdades sobre a alimentação

Data1 abril 2019

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Dieta sem glúten e caseína (SGSC), corte de lactose, suplementação de vitamina B6 e do magnésio… Você, mãe ou pai, já deve ter ouvido muitas “dicas” sobre a alimentação do seu filho.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), como se sabe, não tem causa específica. Por isso, o diagnóstico depende da percepção de quem cuida, da consulta com diversos especialistas e da análise deles. Mesmo assim, pesquisas – como a que descobriu que, futuramente, o teste do pezinho e exames de sangue e urina poderão identificar o transtorno – procuram a origem do autismo e também métodos para aliviar os sintomas e possibilitar melhor desenvolvimento da criança.

Quando se trata da alimentação, há muitas “teorias” que envolvem o que alguém com autismo deve ou não comer. Na ânsia por garantir melhor qualidade para os filhos, “porque alguém que também tem um portador do espectro por perto disse que com ele deu certo”, há quem, por exemplo, condene o glúten. Mas é preciso lembrar da importância da orientação do nutricionista nesse processo.

Cada alimento tem impacto sobre o organismo e funciona de forma diferente. De fato, em alguns casos, o hábito alimentar do autista não segue o padrão de uma criança sem o transtorno. Além das alterações psicológicas, o espectro modifica e aumenta a permeabilidade intestinal, ou seja, a forma como o alimento é absorvido. No autismo, a sensibilidade sensorial atinge também aquele que na medicina chamamos de “segundo órgão mais inteligente do corpo humano”; o primeiro é o cérebro. Isso significa que o organismo absorve mais intensamente os nutrientes, o que justifica alguns cuidados extras.

Lactose é um carboidrato e a caseína é uma proteína, ambas presentes no leite. O glúten é uma proteína presente em cereais, como o trigo. Todos, dependendo da predisposição de cada um, podem desencadear alergias de pele e disfunções do intestino – diarreia crônica e dores de barriga, por exemplo. Já a suplementação de vitaminas e minerais vem como alternativa para “fechar” as lacunas deixadas pela ausência destes ingredientes.

Mas isso não significa, necessariamente, que uma criança autista é automaticamente celíaca, ou alérgica ao leite, mas sim que, pelo fato de terem maior absorção, estes componentes têm efeito potencializado, o que reflete também na questão neurológica: o consumo de alimentos com essa composição pode agravar fatores como a agressividade e levar à piora dos sintomas. Mas cortar alimentos da rotina do autista por conta própria não é uma garantia de melhoria.

A princípio, a ingestão destes ingredientes pode ser reduzida embora seja muito importante ouvir um nutrólogo e uma nutricionista. A recomendação é procurar um nutricionista que pode ajudar a definir os alimentos adequados a quem tem o espectro, com base em exames e nos sinais que a família relata e observa na criança. Ele, como profissional especializado, também contribuirá com a questão da seletividade alimentar, visto que não é raro casos em que as crianças adoram determinado alimento, a ponto de querer consumi-los todos os dias, em todas as refeições. Outro ponto é que cores, sabores e aromas marcantes também podem não agradar, pela hipersensibilidade sensorial. Por isso, aqui vai uma dica: tente oferecer, dentro da rotina, certa variedade, mas sempre respeitando as limitações do autista. Em caso de recusa, não insista.

Não deixe de conversar também com o psiquiatra na prerrogativa multidisciplinar que envolve o tratamento. É possível, dentro da “monotonia alimentar”, propor mudanças sutis. Levar variedade à mesa também é, de certa forma, estimular o desenvolvimento. Lembre-se: ser um exemplo é importante, ou seja, não proponha algo sem que você siga; e jamais siga qualquer dieta sem prescrição e avaliação médica.

 

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