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A importância do gerenciamento da cadeia do frio no mercado floricultor
14 maio 2018
Muitas vezes ignorado, o mercado floricultor brasileiro representa uma parcela significativa da economia brasileira. Segundo dados do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura) este segmento gera cerca de 199 mil empregos diretos e faturou cerca de R$ 7,3 bilhões em 2017.
Este mercado representa, entretanto, um importante desafio para a logística da cadeia do frio, visto que estes produtos apresentam um tempo de prateleira muito curto e além disso este tempo e a própria qualidade são muito sensíveis às variações de temperatura que por ventura ocorram nos processos de armazenagem e distribuição.
Contribui também para este cenário a percepção de valor por parte do consumidor final. Ela é intimamente conectada à qualidade dos processos logísticos que ocorreram ao longo da cadeia. Estima-se uma redução no preço de venda do produto em cerca de 10%, caso ocorram pequenas falhas na cadeia e o produto seja submetido a temperaturas inadequadas durante a sua armazenagem ou distribuição, mesmo que por curto período de tempo.
Associada a percepção de valor do produto está o seu tempo de prateleira, visto que dificilmente alguém irá adquirir uma flor que já está murchando. Algumas espécies de flores chegam a durar cerca de 11 dias a mais quando armazenadas em ambientes secos com temperaturas entre 0º e 5º. Isto ocorre, pois nestas temperaturas o processo de respiração da flor se reduz significativamente postergando seu declínio.
Onze dias é um tempo bastante longo para este tipo de produto e esta diferença pode significar a sua comercialização ou não. Assim, novamente, tecnologias de rastreamento e monitoramento das condições ambientais dos produtos aliados a uma gestão eficiente da cadeia como um todo representam importante condições para o sucesso de negócios nesta área.
Também estão sendo desenvolvidos modelos de simulação que procuram estimar com maior precisão a variação da qualidade das flores em função da temperatura a que são submetidas.
A partir destes modelos é possível quantificar o retorno dos investimentos que porventura sejam realizados na rastreabilidade da cadeia.
Desta forma, investimentos em equipamentos de rastreabilidade e na capacitação das pessoas envolvidas, apesar de aparentarem ser uma elevação de custos em um primeiro momento, podem significar um aumento expressivo no valor percebido pelo produto e representarem um fator preponderante para o sucesso de negócios neste setor.
Autor
Vinicius de Martin Viude – Coordenador do curso de Pós-Graduação de Logística da Cadeia do Frio do SENAI.