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Propagação rápida para a cultura da mandioca
16 fevereiro 2018
A mandioca é uma planta originária da América do Sul, sendo cultivada em várias partes do mundo por se adaptar facilmente às condições diversificadas de clima e solo. Os primeiros indícios associados ao cultivo da planta aconteceram há milênios na região amazônica, e esse tem sido um dos mais importantes legados agronômicos deixado pelas populações tradicionais.
No Brasil, esse vegetal teve enorme importância na época da colonização, tanto é que, na elaboração da primeira constituição em 1824, o direito ao voto somente era assegurado a quem possuía renda igual ou superior a 150 alqueires de mandioca.Na presente década, a cultura alcançou a quarta colocação como destaque na produção de alimentos em caráter mundial.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (ONU/FAO), o uso da raiz e produtos derivados da mandioca responde pela alimentação de aproximadamente 800 milhões de pessoas, com uma produção mundial de aproximadamente 270 milhões de toneladas/ano. O Brasil tem participado neste quesito com produção de aproximadamente 23 milhões de toneladas/ano.
No que se refere a técnica de cultivo, o fator limitante para o aumento de produção é a forma de propagação, que tradicionalmente é feita por meio de segmentos da haste, ramas ou manivas. Isso ocorre em razão da escassa disponibilidade de material para o plantio, devido à sua propagação vegetativa e ao sistema tradicional para a obtenção das estacas. Isto porque, a propagação da cultura por manivas provoca redução na produção ao longo do tempo e apresenta três fatores limitantes segundo a EMBRAPA:
- o primeiro fator limitante é a baixa taxa de multiplicação das manivas-sementes ou estacas. Embora as plantas mais vigorosas possam produzir até 10 manivas de 20 cm, a média para uma planta adulta é dar origem a cinco manivas de 20 cm para ser destinada ao plantio comercial;
- o segundo fator limitante, observado por vários plantios do mesmo material genético, é a redução da qualidade da maniva provocada pelo acúmulo de pragas e doenças, transmitidas de uma geração para outra e refletem na retração da produtividade ao longo dos anos;
- o terceiro fator limitante, está relacionado ao fato da maniva da mandioca se constituir um importante veículo de disseminação, tanto de pragas como de doenças dentre e entre regiões. Para minimizar estes problemas, o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), situado na Colômbia, desenvolveu um método de propagação rápida para a cultura que amplia em até 100 vezes a taxa de multiplicação. Essa técnica foi adaptada no Brasil pela Embrapa por tratar-se de um método simples e acessível aos produtores interessados pela mandiocultura.
O aumento da taxa de multiplicação deve-se, em primeiro lugar, ao fato de que, as manivas para a propagação rápida são fragmentadas com duas a três gemas (2 a 5 cm) enquanto as manivas convencionais tem cerca de sete gemas (em torno de 20 cm). E em segundo lugar, na propagação rápida, a maniva ao brotar, tem o broto cortado ao atingir o tamanho de 10 a 15 cm, e rebrota novamente, induzida pela concentração de umidade e temperaturas elevadas do interior da câmara de propagação, enquanto na propagação convencional, a maniva de 20 cm é plantada no campo, e produzirá no máximo quatro hastes.
Desta forma, é necessário que os produtores de mandioca busquem conhecer a técnica de propagação rápida e façam testes em suas propriedades. A CATI, a EMBRAPA, engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas podem ajudar ao mandiocultor a tomar a melhor decisão, de acordo com a realidade de cada produtor.
Jorge Joaquim dos Santos: é engenheiro agrônomo. Pesquisou sobre a propagação rápida da mandioca no Trabalho de Conclusão de Curso, na Faculdade Cantareira, sobre a orientação do Prof. Dr. Davi Gabriel Lopes.